terça-feira, 2 de outubro de 2012

Parte de mim (por Rayane Beltrão)

CAPÍTULO 3
 
Cheguei em casa e, como sempre, joguei minha mochila no sofá, liguei o rádio no volume máximo e dancei (como uma louca) ao som de Airplanes e E.T.
Me cansei e me joguei no sofá rosa, o meu preferido.
Olhei para o relógio e eram 13h15min. Estavam faltando, exatamente, 15 minutos para o meu pai chegar, e eu não fiz nada.
Voei para a cozinha e fiz uma panela de arroz, outra de feijão e o meu delicioso mix maluco em menos de 15 minutos, preparei a mesa, coloquei a comida e desliguei o rádio.
Sou uma ninja, bebê.
Ouvi o som da tranca da porta e um ruído de sapatos novos e, pelo perfume, era o meu pai.
Coloquei o prato sobre a mesa.
Meu pai, sem dizer nada, se sentou e fez seu ritual de sempre. Que é: piscar três vezes, olhar a comida, secar as mãos e pegar no garfo com a mão esquerda. Não, ele não é canhoto.

- Que comida mais ensossa, Mariana. - ele disse cuspindo metade do que ele tinha mastigado no prato e a outra metade fora.

- Mas e o seu colesterol?

- Que o meu colesterol se exploda!

Ele se levantou e saiu batendo a porta.
Limpei toda aquela gosma e joguei no lixo.
Almocei e, realmente estava ensossa e entrei no banheiro. Enquanto eu tomava banho meu celular vibrou, uma nova mensagem havia acabado de chegar.
Amo mensagens fresquinhas.
Me troquei e abri a mensagem...Era da Eduarda dizendo:

                       " Em 5 minutos na sorveteria da Aninha, é urgente !!!!!!"

Eu, automaticamente, arregalei os olhos e assimilei, urgente+sorvete+Eduarda= término de namorados.
Arrumei a casa, tirei pó e corri para a sorveteria.
Aquela sorveteria estava cheia demais, não sabia se estava cheia devido aos sorvetes ou por causa do ar condicionado. De acordo com o termômetro estava 37º lá fora.
Olhei para todas as mesas coloridas e, exatamente, na mesa mais escura - aparentava ser roxo. Estava lá Duda sentada com os olhos vermelhos, devorando um sundae duplo de morango.
Me aproximei e dei uma de boba
- O que aconteceu, Duda?
- O Pedro! - ela disse levantando e me abraçando - Ele terminou comigo! - gritou.
Com toda certeza, ninguém ouviu o gritinho. Aquele lugar estava muito cheio e, consequentemente, muito barulhento.
- Este é o quarto que termina com você só esse ano, e ainda estamos em Fevereiro! - eu disse.
- Mas o Pedro era especial! - ela disse.
Sentamos.
Lógico que ela não me ouviu falar, senão já tinha dado piti.
- O que aconteceu? - chegou Marcella perguntando.
- Namorado. - respondi.
-Ah, Eduarda, vai fazer macarrão!
Eu ri.
- Ela consegue queimar até água! - eu disse rindo.
Eu ri.
Marcela riu.
- Gente! - Eduarda disse apontando para si - Garota deprimida aqui.
Ficamos lá cerca de duas horas consolando a 'garota deprimida' e comendo muuuuuuuuuito. Ela não sabe o que é sofrimento, eles ficaram juntos apenas 3 semanas. Para mim, isso é um tipo de amizade estranha.
-Obrigada gente, - a GD (garota deprimida) disse se levantando - mas tenho que ir. Tchau Marcela - disse saindo.
WOL, ela esqueceu que eu existo ou o quê? Não é possível que eu seja tão invisível a ponto da minha melhor amiga não notar a minha presença.
- Ela nem falou comigo! - eu disse indignada.
- Será que é por que você nem abre a boca?
De onde foi que ela tirou tanta intimidade para falar dessa maneira comigo?
- Desculpa, o que você disse? - Falei crendo que ela iria mudar o que havia acabado de falar.
- Eu disse: "Será que é porque você nem abre a boca?" - disse pausadamente.
Eu até achei que seríamos amigas depois daquela conversa no banheiro, mas ela estragou tudo. Ela acabou de estragar.
- Você precisa ser mais agradável. Você tem um amigo que é apaixonado por você e uma suposta melhor amiga.
- O Ben não é apaixonado por mim.
- Em qual planeta você vive, querida? - levantei as sobrancelhas. - Conheço vocês a um dia e já saquei. - ela disse se balançando. - Tenho que ir! Tire suas dúvidas, chame ele aqui e ela virá correndo. - disse já saindo da sorveteria.
Peguei meu celular e me senti tentada a passar mensagem para o Ben me encontrar lá. Não que eu esteja desconfiada, mas eu queria provar para Marcella que ela estava errada.
Digitei:
" Oi, Ben! Vem aqui na
sorveteria da Aninha! Caindo na gargalhada "
Envie e, com todas a certeza do mundo inteiro, naquele horário era o judô dele,então seria impossível ele deixar de ir para me encontrar.
Em menos de 20 minutos ele aparece. Me avistou e acenou.
Ele veio! Mas isso não tem nada haver, não é? Só coincidência.
Ele se sentou.
- O que aconteceu? - perguntou.
- Ah, a Duda e o Pedro terminaram... a Marcella apareceu e... só! - expliquei - E o judô?
- Só começa em Março.
Escutei passos firmes por trás de mim e um delicioso perfume de homem.
- Mari, preciso falar a sós com você.
Virei meu rosto para trás. Era o Frederico. Me levantei, o olhei e sorri.
Olhei nos olhos dele.
- Mas eu estou sozinha!
Olhei para trás e vi o Ben me encarando. 
Não acredito!!! Eu disse mesmo aquilo?


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